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Na mira da Polícia Federal, militares se protegem e transferem responsabilidades no planejamento do golpe para o governo Bolsonaro

Conforme fontes consultadas pelo blog da Andreia Sadi, fala-se em grande influência atribuída a militares de patente inferior e sem contingente suficiente para organizar um golpe. No entanto, com base nas investigações, a Polícia Federal descarta essa interpretação.

Foto: Adriano Machado/Reuters
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Em meio às investigações em andamento, militares buscam proteger e diminuir o envolvimento de colegas na elaboração do plano de golpe, manifestando preocupação com as conclusões da Polícia Federal sobre os militares na operação Tempus Veritatis, que investiga uma tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

Oficiais entrevistados afirmam que há um “excesso de influência” atribuído a militares de patente baixa e com pouca capacidade de mobilização, como o general Estevam Theophilo, comandante do Comando de Operações Especiais Terrestres (Coter), que teria indicado apoio aos planos de Bolsonaro.

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O Exército argumenta que o Coter, localizado em Brasília (DF), não possui tropas subordinadas e está vinculado ao Comando Militar do Planalto, não podendo agir sem a aprovação do comandante do Exército. Oficiais entrevistados destacam que é um grupo de planejamento, sem capacidade de ação, apesar do general fazer parte do Alto Comando da Força.

Outra crítica é dirigida aos militares que trocaram mensagens com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, como o coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o coronel Bernardo Romão Correa Neto, entre outros. Alega-se que são militares de baixa patente, com influência limitada a círculos pessoais, fornecendo informações falsas ao núcleo golpista sobre fraudes nas urnas.

A estratégia é retratar esses militares como coadjuvantes no plano de golpe, o que é contestado pela PF com base em suas investigações. A PF repete que os militares que se encontraram com Bolsonaro estavam atendendo aos chamados do chefe do Executivo, mesmo que fossem convocados para discutir ações ilegais, o que não está previsto na Constituição.

Quanto às Forças Especiais, há a visão de que seu papel é exagerado, sendo consideradas mais como “chão de fábrica” para militares em início de carreira e sem posição de comando.

Figuras centrais como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, ambos na reserva, também são considerados sem poder para mobilizar tropas ativas.

Desde o incidente de 8 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante Tomás Paiva enfatizam a necessidade de avançar nas investigações para identificar condutas individuais e evitar que os episódios afetem as instituições.

Segundo o Alto Comando, a individualização dos envolvidos destaca que o grupo golpista era restrito a poucos membros nas Forças Armadas e não se espalhou pelo Exército. No entanto, a descrição da PF sugere que os militares envolvidos eram parte de uma elite capaz de subverter o regime democrático, o que, segundo esses oficiais, não reflete a realidade.

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