Em João Pessoa, o empreendedorismo feminino tem alçado grandes voos com o apoio da Prefeitura. Por meio do programa de microcrédito orientado Eu Posso, executado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedest), a gestão municipal já atendeu a 1.323 mulheres, em pouco mais de dois anos. Juntas, elas receberam um montante de R$ 6.776.300,00 em recursos, para investirem nos próprios negócios. Muito além do crédito, todas elas foram capacitadas, e seguem sendo acompanhadas por um time de mentores, para que cresçam seus empreendimentos com assertividade e segurança.
As mulheres correspondem a 61,8% do total de 2.139 empreendedores já contemplados com microcrédito do Eu Posso. Os negócios comandados por elas estão espalhados por todos os cantos da cidade, e tipificados em diversas áreas de atividade econômica, sendo as principais: comércio varejista de vestuário e acessórios (24,5%); cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza (24,3%); e restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (10%).
De acordo com a secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de João Pessoa (Sedest), Vaulene Rodrigues, empreendedorismo feminino é mais do que uma tendência: é uma força transformadora na economia e na sociedade. “As mulheres, com sua resiliência, criatividade e capacidade de liderança, estão redefinindo o cenário empresarial, trazendo inovação e inclusividade para o mercado. Na Sedest, reconhecemos o potencial imenso delas, e estamos comprometidos em apoiá-las em suas jornadas”, disse.
Empreendedorismo – Por trás de cada negócio, existe uma história com várias camadas de coragem, criatividade e, claro, visão empreendedora. Uma delas é a da Ana Karla Carvalho. Por quase 12 anos, ela trabalhou em regime CLT, dando expediente das 8h às 18h, em um consultório médico, onde era gerente financeira e administrativa.
Adepta às práticas esportivas, sempre foi apaixonada por meias de cano alto, para usar nos treinos. Porém, sentia muita dificuldade para adquirir novas peças do produto, sobretudo, pela internet. Diante desse entrave, ela identificou uma oportunidade. “Muitas vezes, o valor do frete era maior do que o do produto, deixando a compra muito cara. Do jeito que isso me incomodava, também deveria incomodar outras pessoas da cidade. Foi aí que, em 2019, decidi comprar um grande estoque de meias para vender”, explicou.
Para ter acesso aos fornecedores, ela precisou já iniciar esse processo como Pessoa Jurídica. Por isso, abriu um MEI. E o que começou despretensiosamente foi dando tão certo, que em 2022 ela decidiu abrir mão do emprego, para se dedicar exclusivamente ao seu negócio.
Expansão – A clientela de Ana Karla ainda está, na maioria, concentrada em João Pessoa, onde ela realiza vendas por meio de um site, redes sociais e, nos fins de semana, presencialmente, em eventos de corrida de rua. Inclusive, foi junto aos corredores que ela encontrou um público fiel. E bem aí, o Eu Posso surgiu na jornada. “Conheci o programa por indicação de uma amiga. Precisava investir em mais produtos para o estoque. E o crédito me possibilitou muito mais: além de meias, ampliamos nossa atuação, e passamos a vender acessórios para corredores, como óculos, viseiras, cadarços e faixas; e ainda investimos na compra de expositores”, acrescentou.
Agora, com a empresa em franca expansão, Ana Karla já faz planos para alterar seu negócio de MEI para um regime de faturamento mais alto. “O Eu Posso foi um grande diferencial, que veio em um momento em que queria aumentar o negócio, mas os recursos que possuía não eram compatíveis. Com o investimento no estoque, mudamos totalmente. Dei um novo fôlego, uma nova cara ao negócio. Os clientes ficaram encantados com a maior oferta de produtos”, vibrou. Para o futuro, ela também almeja abrir uma loja física. “E nem penso mais em voltar para consultório. Estou realizada com a minha empresa”, disse.
Loja – Já a empreendedora Taciane Evellyn está prestes a tirar um sonho do papel. Ela se inscreveu no primeiro edital do Eu Posso em 2024, como Pessoa Física, para investir em um só objetivo: a abertura da própria loja. O negócio dela começou nas redes sociais, onde divulgava e vendia peças de moda praia. Mas percebeu que podia ir muito além.
“Decidi abrir meu ponto físico, que será no bairro do Grotão. Com o crédito do Eu Posso vou poder montar toda a estrutura. Não só isso: também investirei em mercadorias, pois quero ampliar minha atuação, vendendo também acessórios, como semijoias, bijuterias, bolsas e cintos. Estou empolgada demais”, comemorou.
Capacitação – Na jornada para o microcrédito, todos os empreendedores passam por uma bateria de capacitações obrigatórias. Porém, o empenho da Prefeitura em qualificar a mão de obra, seja para o mercado de trabalho ou para o empreendedorismo, vai muito além. Com o programa Eu Posso Aprender, também executado pela Sedest, a gestão municipal oferece cursos, oficinas e palestras ao longo de todo ano, para os mais diversos públicos e em variadas áreas profissionais. Dentro dessas ações, as mulheres também são maioria: das 4.874 pessoas capacitadas em 2023, 3.315 foram mulheres, ou seja, 68%.
“Por meio de programas como o microcrédito e o ‘Eu Posso Aprender’, buscamos oferecer a essas mulheres os recursos financeiros necessários para o crescimento de seus negócios, bem como promover um ambiente de aprendizado contínuo e desenvolvimento de habilidades. Nosso objetivo é empoderar as mulheres, permitindo-lhes não apenas participar, mas prosperar e liderar no mundo dos negócios”, destacou Vaulene Rodrigues.
Ainda segundo a secretária, as ações da Prefeitura para continuar fortalecendo o empreendedorismo feminino não param. “Estamos dedicados a criar oportunidades iguais para todas, reconhecendo que, ao fomentar o empreendedorismo feminino, estamos investindo em um futuro mais justo e próspero para todos”, concluiu.
Texto: Alysson Bernardo
Edição: Andrea Alves
Fotografia: Assessoria/Arquivo Pessoal/Sérgio Lucena