Selena Samara Gomes da Silva, uma das acusadas de participação no assassinato de Clayton Thomaz de Souza, conhecido como Alph, foi condenada na noite de terça-feira (16) a 17 anos e quatro meses de prisão pelo 1º Tribunal do Júri da Capital, em João Pessoa. Embora o júri tenha considerado que ela não efetuou o disparo que matou o estudante, concluiu que ela atraiu a vítima para o local do crime, o que impossibilitou sua absolvição.
O outro acusado, Abraão Avelino da Fonseca, terá seu julgamento em separado, pois o processo foi desmembrado. Ele continua foragido.
Selena também estava foragida, mas se apresentou ao tribunal de júri no dia do julgamento. Em seu depoimento, afirmou ter sido torturada no dia do crime, tendo o cabelo raspado e sido espancada, além de ter recebido diversas ameaças de morte. No entanto, os jurados, por maioria, rejeitaram sua versão e a consideraram culpada. Ela recebeu 14 anos de prisão pelo homicídio, mais dois anos por motivo torpe e um ano e quatro meses por homicídio premeditado.
Embora tenha o direito de recorrer, a decisão determinou que ela permaneça presa devido ao risco de fuga, já que ficou foragida durante todo o processo.
Clayton Thomaz de Souza foi encontrado morto com marcas de tiros em uma mata às margens de uma estrada em Gramame, em João Pessoa, em 8 de fevereiro de 2020. Seu corpo só foi identificado em 17 de fevereiro do mesmo ano. Ele foi visto pela última vez em 6 de fevereiro.
O Ministério Público da Paraíba acusou os dois réus de saírem com a vítima, no carro de Selena, para a comunidade Aratu, onde Abraão residia, no dia do crime. Lá, teriam efetuado um disparo que resultou na morte de Clayton. Em seguida, colocaram o corpo no porta-malas do carro de Selena e o abandonaram em um terreno próximo à Praia de Gramame.
A motivação, segundo as investigações, foi um desentendimento decorrente de um triângulo amoroso, já que Selena mantinha um relacionamento com Abraão e estava envolvida também com Clayton.
As evidências incluem depoimentos de testemunhas que viram os acusados com a vítima no dia do desaparecimento, além de dados da estação de rádio base dos telefones de Clayton e de Selena, que indicaram sinais emitidos pelos celulares dos dois na mesma localização em 6 de fevereiro. Vestígios semelhantes a sangue humano foram encontrados no porta-malas do carro de Selena, o que foi confirmado posteriormente por exames.
O caso teve grande repercussão na comunidade estudantil da UFPB, onde Clayton era ativo no movimento estudantil, relatando desentendimentos com os seguranças da universidade. A investigação incluiu a quebra do sigilo telefônico de um dos servidores da guarda da universidade, mas não encontrou indícios de conexão que justificassem a continuidade do inquérito nessa linha.