Nesta quarta-feira (08), a Coteminas anunciou que obteve decisão favorável ao seu pedido de recuperação judicial. Segundo a companhia, o pedido foi motivado pelo fundo de investimento em participações (FIP) Ordenes, que alegou vencimento antecipado das debêntures emitidas pela Ammo Varejo, pertencente ao mesmo grupo da Coteminas. Em decorrência desse vencimento antecipado, o FIP buscava assegurar a transferência de todas as ações da Ammo, de propriedade da Coteminas.
Em um fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários, a empresa não comentou o local onde a solicitação foi realizada, como também o nome do juiz ou juíza que deferiu o pedido, além de não esclarecer o montante total das dívidas a serem renegociadas com a intermediação do judiciário. A companhia, pertencente ao empresário Josué Gomes da Silva, atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), já vinha enfrentando desafios financeiros e operacionais. “Desde o fim da pandemia, a companhia vem tendo seus negócios negativamente impactados pela combinação de fatores adversos que acarretaram dificuldades financeiras”, informou a Conteminas. Na última divulgação dos balanços, referente ao primeiro trimestre de 2023 e divulgada em novembro, a receita da Coteminas havia caído pela metade em comparação ao ano anterior. Nesse período, sua dívida líquida atingiu R$ 672,5 milhões, um aumento de R$ 82 milhões em relação ao trimestre anterior. Nesta quarta-feira, as ações da Coteminas caíram cerca de 1%, levando seu valor de mercado para aproximadamente R$ 140 milhões. Ao longo de um ano, a queda chega perto de 50%.
A Shein selecionou a Coteminas para uma parceria visando a fabricação das roupas da empresa no Brasil. Essa colaboração foi anunciada em um momento em que o governo planejava aumentar os impostos sobre importações. No momento do anúncio da parceria, o valor das ações da Coteminas chegou a triplicar.
De acordo com o grupo, o intuito do pedido seria “garantir a preservação das atividades empresariais e de ativos da companhia e suas controladas, que ficariam sujeitas a dano irreparável”. A empresa também afirmou que, com a concessão do solicitação de recuperação judicial, “conseguirá a sua restruturação financeira e de todas as empresas do grupo”. A companhia enfrenta ações judiciais e foi objeto de audiências públicas em Minas Gerais, Paraíba e Santa Catarina, estados onde possui instalações fabris. Ademais, existem relatos de salários e obrigações trabalhistas atrasadas.