O número de acidentes envolvendo motociclistas tem sido alarmante na Região Metropolitana da capital paraibana. Dados fornecidos pelo Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa e analisados pelo Portal Pop Notícias revelam uma progressão preocupante nos números de vítimas de acidentes de motocicleta nos últimos anos. O cenário nos leva a questionar os fatores que contribuem para essa alta e as possíveis soluções para melhorar a segurança dos motoboys, profissionais essenciais para a logística urbana.
Índices de vítimas de acidentes com motos atendidas no Hospital de Emergência e Trauma:
– 2021: Total de 7.279 pacientes;
– 2022: Total de 8.031 pacientes;
– 2023: Total de 8.617 pacientes;
– 2024 (até abril): Total de 3.013 pacientes.
Os dados apresentam aumento constante no número de acidentes de 2021 para 2023, com a média diária subindo de 20 para 24 acidentes. Em 2024, a tendência de aumento continua, com uma média diária de 25 acidentes até abril, o que equivale a aproximadamente 1,2 acidentes por hora.
Mortes no trânsito da Paraíba – De janeiro a maio deste ano, foram contabilizados cerca de 4.070 acidentes envolvendo motos, resultando em 193 óbitos, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade do SEST-PB.
Visão da especialista
Para Abimadabe Vieira, coordenadora da Educação para o Trânsito da SEMOB Cabedelo e representante do movimento Maio Amarelo, as razões que tornam os acidentes com motoboys tão frequentes incluem a velocidade, a não utilização de equipamentos de segurança, a falta de atenção dos condutores e o desrespeito às normas de trânsito. Ela destaca que “os motociclistas são as grandes vítimas desses acidentes, especialmente quando não utilizam o capacete ou desrespeitam a sinalização”.
Cadê o Poder Público?
Leo Martins, representante dos motoboys de João Pessoa, abordou dois pontos críticos: a segurança no trânsito e a regulamentação da profissão. Segundo Leo, a informalidade no setor contribui para o aumento dos acidentes, já que muitas pessoas ingressam na profissão sem a devida preparação ou conhecimento das normas de segurança. Ele sugere que “políticas públicas voltadas para a segurança dos motoboys poderiam incluir a criação de faixas exclusivas e a regulamentação adequada da profissão para garantir que os profissionais estejam qualificados e compromissados com a segurança“.
Leo também mencionou que há projetos de regulamentação da profissão parados na Câmara Municipal de João Pessoa. “Nós procuramos a Câmara e a Assembleia para discutir a mobilidade dos motoboys e moto Uber, mas os projetos estagnaram desde o ano passado. É crucial retomarmos essas discussões para assegurar que os motoboys possam operar de forma segura e regulamentada“, afirmou.
A pressa – Por outro lado, é essencial entender que a pressão sobre os motoboys não é uma questão de imprudência individual, mas muitas vezes uma resposta às demandas externas. A pressa, por exemplo, é frequentemente impulsionada por aplicativos que exigem metas e tempos de entrega rigorosos. Essa pressão contribui para comportamentos arriscados no trânsito, na tentativa de cumprir prazos e aumentar a eficiência.
A falta de conscientização contínua é outro ponto levantado por Leo. Ele acredita que campanhas de educação no trânsito, como o Maio Amarelo, deveriam ser promovidas durante todo o ano, e não apenas em um único mês. “Falta uma aproximação maior entre os órgãos de trânsito e os motoboys. Programas de educação e cursos de pilotagem poderiam ajudar a reduzir os acidentes“, sugeriu.
Abimadabe Vieira concorda que a educação é fundamental. Ela destacou que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a velocidade e o desrespeito às normas de segurança são grandes vilões no trânsito. Programas contínuos de conscientização, aliados à fiscalização, poderiam inibir comportamentos imprudentes e promover um trânsito mais seguro para todos.
Os dados revelam um crescimento constante no número de acidentes de motocicleta em João Pessoa, destacando a urgência de intervenções para melhorar a segurança no trânsito. A regulamentação da profissão, a criação de políticas públicas específicas e a educação contínua são essenciais para reduzir esses números e proteger a vida dos motoboys e de outros usuários das vias.