As mulheres no Brasil ganham, em média, 20,7% menos que os homens em 50.692 empresas com 100 ou mais empregados. Os dados são do 2º Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, divulgado pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023. A diferença salarial aumentou em relação ao primeiro relatório, que apontava uma diferença de 19,4%.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que a igualdade salarial de gênero é uma prioridade do governo federal e que a questão está sendo discutida internacionalmente, como no G20 e na ONU. Segundo a ministra, é necessário mudar a percepção de que o salário das mulheres é um complemento ao dos homens, especialmente considerando que as mulheres são chefes de família em metade dos lares brasileiros. “As mulheres não são apêndice, as mulheres não estão nos cantos e não são as pessoas do mimimi. As mulheres, hoje, são as trabalhadoras, são as que sustentam e as que pensam.”, disse.
O relatório analisou 18 milhões de vínculos formais de trabalho, revelando que, nas empresas com 100 empregados ou mais, os homens ganhavam, em média, R$ 4.495,39, enquanto as mulheres recebiam R$ 3.565,48. Quando considerada apenas a população negra, a diferença é ainda maior: as mulheres negras recebiam, em média, R$ 2.745,26, ou cerca de 50% do salário dos homens não negros, que era de R$ 5.464,29.
O estudo também revelou que 53% das empresas analisadas não possuem pelo menos três mulheres em cargos de gerência ou direção, dificultando a comparação salarial nessas funções. Além disso, 55,5% das entidades usam planos de cargos e salários como critério de remuneração, e 63,8% utilizam metas de produção.
A secretária-executiva adjunta do MTE, Luciana Nakamura, lembrou que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já garante a igualdade salarial desde 1943, e a nova Lei da Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres visa conscientizar as empresas sobre a necessidade de promover um ambiente de igualdade. “A implementação da política é pedagógica e, aos poucos, todos vão compreender. No fim, pretendemos promover um ambiente de igualdade para as mulheres e, principalmente, a igualdade salarial”, estima a representante do MTE.
A divulgação do relatório ocorreu no Dia Internacional da Igualdade Salarial, instituído pela ONU em 2019, que alerta para a necessidade de avançar na igualdade de gênero no trabalho. Segundo a ONU, ao ritmo atual, serão necessários 300 anos para alcançar a igualdade de gênero no mundo.
Com informações: Agência Brasil