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Antônio Cícero: filósofo tem morte assistida e deixa carta de despedida; confira

Autor de diversos sucessos da Música Popular Brasileira, escritor enfrentava Alzheimer e problemas neurológicos decorrentes da doença

Foto: Léo Martins/Agência O Globo
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O poeta e filósofo Antonio Cicero faleceu, nessa quarta-feira (23), após optar por eutanásia, denominada de “suicídio assistido”, na Suíça. Nos últimos anos, ele foi diagnosticado com Alzheimer e vinha tratando problemas neurológicos decorrentes da doença.

Durante a morte assistida, Antonio estava ao lado do seu marido, Marcelo Pires. O escritor era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2017 e é autor de sucessos da Música Popular Brasileira e diversas obras literárias. Ele também é irmão da cantora Marina Lima.

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Antonio Cicero é autor das músicas “Fullgás”, famosa na voz de Marina Lima; o “Último Romântico”, escrita juntamente com Lulu Santos e Sergio Souza; e diversas outras músicas.

Antes de morrer, o filósofo deixou uma carta para os familiares e amigos dizendo que não estava suportando os sintomas decorrentes do Alzheimer e das doenças que desenvolveu. No recado, Antonio também destaca que, apesar de não lembrar de muita coisa, estava consciente da sua decisão em praticar a eutanásia.

Confira a carta de Antonio Cicero antes da sua morte 

“Queridos amigos,

Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia.

O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer.

Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.

Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi.

Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.

Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.

Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação.

A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.

Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.

Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.

Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”

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