O vereador Guguinha Mov Jampa (PSD), que pertence à base do prefeito Cícero Lucena (PP), rebateu a declaração do secretário de Saúde de João Pessoa, Luis Ferreira, sobre o projeto de lei que determina a implantação de ponto eletrônico digital e facial para médicos nas unidades de saúde da rede municipal. A declaração foi feita durante o programa Panorama Paraíba, da Rádio Pop, nessa segunda-feira (10).
Em um vídeo publicado nas redes sociais nesta segunda, o secretário de Saúde da Capital afirmou que o projeto é completamente “descabido, inadequado e inoportuno” e ressaltou que os médicos não têm condições de exercer as suas funções e bater ponto a cada duas horas devido à demanda do serviço. Luis Ferreira disse ainda que a medida idealizada pelo vereador é um constrangimento para a categoria.
“Isso é completamente descabido. Quem entende e sabe da atividade médica dentro de um serviço tem a mais absoluta convicção de que não há como o médico exercer de forma adequada suas funções e bater ponto a cada duas horas. Isso não existe. Isso é um tipo de constrangimento completamente inadequado, inoportuno pra classe médica, uma classe que tanto trabalha pela saúde. A gente precisa cobrar presença, atendimento, mas a gente não pode marginalizar a classe médica”, afirmou o secretário.
Em resposta à declaração, Guguinha Mov Jampa (PSD) discordou do secretário e disse que, assim como é válido olhar pelos médicos, ele também tem que entender a população. “Eu primeiro quero saber do secretário Luis se o que ele disse hoje no Instagram dele foi como médico ou foi como secretário. Se foi como médico, eu até aceito porque a classe é unida e veste um corporativismo enorme. Agora, se foi como secretário, eu já não concordo com as palavras dele, porque em primeiro lugar é o povo de João Pessoa. Do mesmo jeito que ele tá olhando pelos médicos, ele tem que olhar pela população”, disse.
Na entrevista, o vereador ressaltou que esteve com o secretário no fim do ano passado para entender os problemas da saúde de João Pessoa e pontuou que, para superar as dificuldades, é preciso enfrentar com firmeza. “Ele sabe o que ele me disse entre quatro paredes. Ele sabe muito bem. Estava eu e toda minha assessoria e a gente sabe que João Pessoa tem um problema grande na saúde. E a gente só vai resolver esse problema se enfrentar, não adianta correr não”, relembrou.
O parlamentar revelou que no encontro com o secretário, o chefe da pasta esclareceu que não havia falta de médicos e que o problema era os profissionais não cumprirem a carga horária completa.
“A reclamação que a gente mais tinha era que os médicos não trabalhavam e não davam expediente [nas unidades de saúde]. E ele me disse: ‘não, Guga, não existe um médico faltando em nenhum PSF, agora o problema de eles darem a carga horária completa é grande. Por que que o faxineiro, o auxiliar de serviço, a merendeira, têm a obrigação de dar o ponto eletrônico e o médico não? O serviço é essencial, gente”, opinou o vereador.