Símbolo da resistência camponesa, Elizabeth Teixeira completa hoje 100 anos. Líder das Ligas Camponesas e nacionalmente conhecida como protagonista do filme “Cabra Marcado para Morrer” (1984), do cineasta Eduardo Coutinho. O documentário retrata a história da família após o assassinato de João Pedro Teixeira, marido de Elizabeth e um dos fundadores das Ligas, em uma emboscada a mando de grandes senhores de terra na região da Zona da Mata da Paraíba.
Ao assumir a presidência da Liga Camponesa de Sapé no lugar antes ocupado por seu marido, Elizabeth Teixeira passou a ser perseguida politicamente e vigiada de perto pelos serviços de informação, assim como seus filhos. Passou 8 meses na prisão durante a ditadura militar, sua casa foi incendiada e foi forçada a viver na clandestinidade. Exilou-se no Rio Grande do Norte por 17 anos, separando-se de seus 11 filhos e, sob nova identidade, dedicou-se à alfabetização de crianças. Apesar da trágica e precoce perda de dois de seus filhos e do assassinato de muitos de seus companheiros de luta nas Ligas Camponesas, Elizabeth Teixeira seguiu na luta pelo direito à terra e pela justiça social no campo e sua coragem inspirou diferentes gerações.
Sensível às injustiças sociais e consciente da importância da educação e da participação política das mulheres, durante sua liderança nas Ligas Camponesas o número de mulheres associadas duplicou. Ao lado de Margarida Maria Alves, outra vítima da violência da ditadura no campo, Elizabeth Teixeira se tornou uma das mais importantes líderes camponesas do Brasil.