O senador Ciro Nogueira (PI), também presidente do partido Progressistas (PP), usou as redes sociais nesta nesta sexta-feira (26) para fazer uma crítica ao atual comportamento da direita brasileira.
“Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na Direita, digo aqui a centro direita, a própria direita e seu extremo”, escreveu o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro no X (antigo Twitter).
A avaliação do senador é de que tal postura pode custar o que para ele é uma “eleição ganha”.
“Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez. Por mais que tenhamos divergências, não podemos ser cabo eleitoral de Lula, do PT e do PSOL. Não podemos fazer isso com o Brasil”, acrescentou.
A CNN questionou o senador sobre o que ele avalia como erros da direita neste momento, mas até a publicação da reportagem não houve retorno. O espaço está aberto.
A declaração de Nogueira ocorre em meio às declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre ele disputar o Palácio do Planalto em 2026, caso o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não consiga se livrar da inelegibilidade.
Além disso, a manifestação do presidente do PP se dá em um momento em que pautas defendidas pela direita, como a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Blindagem e o PL (projeto de lei) da Anistia, encontram resistência no Congresso, enquanto recentes pesquisas de opinião apontam melhora na popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a pesquisa Pulso Brasil/Ipespe divulgada na quinta-feira (25), a aprovação do governo do petista cresceu e atingiu os 50%. Com isso, o índice está numericamente superior ao da desaprovação à administração federal, que é de 48%.
PL da Anistia
Uma das principais pautas da direita atualmente, o texto do PL da Anistia ainda não conseguiu acordo para ser votado na Câmara dos Deputados. O relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), defende que o projeto se torne “PL da Dosimetria” e faça a revisão das penas aplicadas aos condenados por atos antidemocráticos, e não a anistia “ampla, geral e irrestrita”, como defende a ala bolsonarista.
No dia 17 de setembro, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto. Foram 311 votos favoráveis, 163 contrários e sete abstenções.
Na prática, a medida acelera a tramitação da matéria na Casa. Embora a aprovação da urgência represente um avanço da oposição, a escolha do relator causou controvérsia entre parlamentares que defendem o perdão estendido a organizadores e financiadores das invasões das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Ao ser escolhido como relator, Paulinho afirmou à imprensa que é “impossível” uma “anistia irrestrita” ser aprovada pelo plenário da Câmara. Ele ainda sinalizou que deve optar por um relatório que reduza penas em vez de conceder um perdão mais amplo.
PEC da Blindagem
Apesar de aprovada na Câmara, a PEC da Blindagem — que buscava estabelecer um aval do Legislativo, em votação secreta, para a abertura de processos judiciais contra parlamentares — foi rejeitada por unanimidade na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Após o resultado na CCJ, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou senadores que barraram o texto. “Vocês são reféns de desinformação e engodo. Optaram em manter os poderes ilimitados da burocracia não eleita, por puro medo politiqueiro”, afirmou o parlamentar, em publicação no X na noite de quarta-feira (24).
Antes da votação, Ciro Nogueira chegou a declarar que apresentaria um substitutivo para a PEC. A ideia era que a nova proposta ampliasse a imunidade parlamentar somente para crimes de opinião.
Manifestações da esquerda
No último domingo (21), movimentos sociais e partidos de esquerda se mobilizaram em diversas capitais do país contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia.
O ato ainda saiu em defesa da soberania nacional em meio à tensão comercial entre o governo dos Estados Unidos e do Brasil.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a esquerda mobilizou mais de 40 mil pessoas, segundo contagens da USP (Universidade de São Paulo) e veículos de imprensa.
Segundo cálculos do Monitor do Debate Político, 43 mil pessoas estiveram na manifestação na Avenida Paulista. Já no Rio, 42 mil protestaram ao longo da orla da Praia de Copacabana.
Fonte: CNN Brasil