O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve o microfone cortado durante seu discurso na abertura da Cúpula do Futuro da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, neste domingo (22). O presidente ultrapassou o tempo limite de cinco minutos, estabelecido pela Assembleia Geral da ONU, presidida por Philémon Yang, de Camarões.
Lula criticava a falta de representatividade do Sul Global nas organizações internacionais quando sua fala foi interrompida. “não está representado de forma condizente com seu atual peso”, disse ele, sobre o Sul Global, antes de ser cortado.
Philémon Yang havia informado previamente que as falas dos chefes de Estado e governo seriam limitadas a cinco minutos, e que o áudio seria cortado após esse período. Lula não foi o único afetado pela medida; os representantes de Serra Leoa e Iêmen, que discursaram antes dele, também tiveram seus microfones desligados.
Durante o tempo que teve para discursar, Lula falou sobre a necessidade de “transformações estruturais” para enfrentar o que chamou de “crise da governança global”. Segundo o presidente, “a maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões.”
Lula também criticou a atuação de alguns órgãos da ONU. “A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, afirmou.
O presidente brasileiro apontou ainda as dificuldades enfrentadas pelas organizações multilaterais. “A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais”, declarou.
O Palácio do Planalto divulgou a íntegra do discurso que havia sido preparado para o evento.