Plantar sementes no Réveillon é um ritual que pode marcar o início do ano de maneira especial. Assim como as sementes, que possuem o potencial de crescimento e transformação, o novo ano representa uma oportunidade para organizar sonhos e metas, com o objetivo de cultivar um ciclo cheio de conquistas.
De acordo com Luciana do Rocio Mallon, algumas das principais sementes escolhidas para a simpatia do Réveillon são: uva, romã e girassol, cada uma com seu significado específico. Veja:
- Sementes de uva: Durante o Réveillon, é tradição comer 12 uvas e, em seguida, plantar as sementes desse cacho enquanto se pensa nos próprios sonhos. Esse ritual tem origem em cerimônias dedicadas ao deus Dionísio (ou Baco), o deus da uva, das festas, dos prazeres e das realizações.
- Sementes de romã: Há também a simpatia de comer romã na passagem do ano e plantar 12 sementes no primeiro dia do ano. A romã era a fruta preferida de três deusas gregas: Afrodite, Perséfone e Abundia (Fortuna). Para os gregos, a romã tinha o poder de tornar as mulheres mais atraentes, ricas e prósperas.
- Sementes de girassol: Plantar sementes de girassol no Réveillon é um ato simbólico para quem busca felicidade e sucesso. Essa prática tem origem entre os índios da América do Norte e Central, para quem o girassol representava o deus Sol e, portanto, simbolizava o sucesso. Alguns pajés recomendam plantar 12 sementes de girassol ao meio-dia do primeiro dia do ano, pois elas representam os 12 meses do ano.
Em comunicado à CNN, o Instituto da Unificação Espírita do Brasil (Unieb) afirma que o ritual de plantar sementes no Ano Novo carrega um profundo simbolismo de renovação e prosperidade. A prática une tradição e espiritualidade, representando o desejo de crescimento, tanto material quanto espiritual. “O que se planta com fé, dedicação e intenção positiva tem grandes chances de florescer ao longo do tempo”, diz o comunicado.
“A escolha das sementes pode intensificar os significados e os desejos projetados. O alecrim, por exemplo, está associado à saúde e à purificação, enquanto as sementes de girassol representam alegria e sucesso. O Instituto Unieb incentiva essa prática como uma forma de refletir sobre intenções, ao mesmo tempo em que promove a conexão com a natureza e com o poder transformador de um novo ciclo”, afirma o comunicado.
Além do aspecto simbólico, um ritual também pode ter um impacto psicológico, influenciando diretamente a saúde mental.
“O ser humano, neurologicamente, necessita de rituais. Nosso cérebro funciona por meio dessas práticas. O ritual estabelece um compromisso, marcando uma data ou ação significativa, o que permite ao cérebro registrar aquele momento como o início ou o fim de um ciclo”, explica a psicanalista Ana Lisboa.
“Quando plantamos sementes em um momento de transição — como o fim de um ciclo e o começo de outro —, geramos uma identificação no cérebro com esse instante especial. O ritual reforça esse entendimento, fazendo com que a pessoa perceba que aquela ação terá um impacto em sua vida. Essa prática tem efeito placebo, que vai além de qualquer simpatia e independente das crenças individuais. Ela atua pelo efeito da liberação de dopamina no cérebro, proporcionando uma sensação de bem-estar”, complementa a profissional.
“Por meio desse ato simbólico, a pessoa faz uma escolha consciente, algo que também é explorado pela Programação Neurolinguística (PNL). Quando essa decisão é externalizada — como ao plantar uma semente, por exemplo —, ela associa o gesto a um desejo ou objetivo específico. O ato de plantar reforça, de forma inconsciente, o compromisso com a realização desse objetivo, tornando-o mais forte e aumentando as chances de concretização. O ritual funciona como um encontro, ancorando a intenção e fortalecendo o propósito. É um exemplo poderoso de como pequenas ações simbólicas podem provocar mudanças significativas em nossas vidas”, conclui a profissional.
Fonte: CNN Brasil