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Ex-jogador de futebol é preso com R$ 700 mil; dinheiro seria de ataque hacker

Ex-jogador foi preso em flagrante pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro. Ele foi abordado ao sair de uma agência bancária.

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Ex-jogador foi preso em posse do dinheiro (Foto: reprodução/Facebook e divulgação/PF)
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Corretor de imóveis, ex-jogador de futebol e ex-assessor parlamentar na Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) com a renda mensal declarada de R$ 14 mil. Jackson Renei Aquino de Souza, de 38 anos, foi flagrado pela Policia Federal (PF) com R$ 700 mil relacionados ao ataque hacker que desviou milhões das contas de instituições financeiras – o ataque é considerado um dos maiores e mais graves do país.

Jackson foi preso em flagrante pela PF por suspeita de lavagem de dinheiro. Ele foi abordado ao sair de uma agência bancária na segunda-feira (22). Nesta quarta-feira (23), a Justiça converteu a prisão em preventiva durante audiência de custódia. Procurada, a defesa dele disse que não se manifesta publicamente sobre nenhum caso.

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Jackson é natural de Itaituba, no Pará, e é conhecido com Jackson Cicareli. É casado e pai de três filhas pequenas, uma delas com epilepsia. À polícia, ele afirmou ser quem sustenta a família. Entre seus bens, contou ter um carro com financiamento em andamento e parcelas de R$ 2,7 mil e um imóvel com parcela mensal de R$ 800.

Na Ale-RR, ele atuava como assessor parlamentar comissionado no gabinete do deputado Neto Loureiro (PMB) e afirmou receber o salário de R$ 4 mil. Como corretor de imóveis, ele afirmou ter renda de R$ 10 mil mensais. Após a prisão, ele foi exonerado do cargo.

Em nota, o Neto Loureiro disse que Jackson estava de férias e que “não compactua com qualquer tipo de ato ilegal.” A Assembleia Legislativa de Roraima informou que “estão sendo adotadas as providências administrativas cabíveis para o seu desligamento, que será formalizado ainda hoje”.

Em 2016, Jackson se candidatou a vereador nas eleições municipais de Boa Vista pelo Partido da República (PR), mas não foi eleito. Ele teve 392 votos e declarou não possuir nenhum bem à época.

Ele também tentou ser deputado federal nas eleições estaduais de 2018, por Roraima — desta vez, pelo partido Democratas (DEM). Ele conquistou 434 votos.

Entre 2011 e 2016, Jackson também atuou como jogador de futebol profissional no Rio Negro-RR. Ele também exerceu a função de diretor técnico no time.

Nas redes sociais, ele compartilha vídeos da época em que era atleta, além de divulgação de imóveis a venda e fotos com a família.

Prisão com dinheiro e ligação com ataque hacker

A PF chegou até Jackon após um alerta da Coordenação de Repressão a Fraudes Bancárias Eletrônicas de que ele havia agendado um saque de R$ 1 milhão para a segunda. Na investigação, agentes descobriram que havia caído R$ 2,4 milhões na poupança do assessor e que o dinheiro tinha relação o desvio do ataque cibernético.

As transferências para a conta poupança do assessor partiram de duas empresas que, segundo rastreamento do Banco Central enviado à PF, têm ligação com o furto milionário contra instituições financeiras. A primeira repassou R$ 1,85 milhão; a segunda, R$ 600 mil.

Em depoimento à PF, o assessor disse que não conhecia as empresas que enviaram o dinheiro. Ele alegou que os valores eram de um garimpeiro venezuelano com quem, na condição de corretor, negociava a compra de uma fazenda em Roraima. A operação, segundo ele, foi intermediada por outro homem. Disse ainda que usou a própria conta bancária para receber os valores porque havia promessa de lucro na transação.

No entanto, para a PF, Jackson não poderia alegar desconhecimento sobre a origem ilícita do dinheiro. O delegado do caso entendeu que o comportamento dele se enquadra no que é chamado de “cegueira deliberada”, quando alguém, mesmo podendo e devendo saber de uma irregularidade, opta por ignorá-la de forma consciente.

“Jackson podia e devia conhecer as circunstâncias, posto que é corretor de imóveis, técnico no assunto com o qual trabalha”, cita trecho do documento ao qual o g1 teve acesso.

“Ficou claro em seu depoimento que ele deliberadamente evita confirmar que está envolvido em atividade ilícita, para, justamente, poder alegar ignorância. Esta ignorância, no entanto, é intencional de quem sabe que está fazendo errado e quer se locupletar da oportunidade mesmo assim”.

Além dos R$ 700 mil em dinheiro, a PF também apreendeu o carro de Jackson. Na audiência de custódia, o juiz Marcelo Mazur decretou a prisão preventiva dele para garantir a “ordem pública e da ordem econômica” e por entender que ele “gera à sociedade, diante do grande potencial de risco de dano aos usuários do sistema financeiro”.

Fonte: G1 Roraima

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