O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) negou a queixa-crime movida pela pastora Renalida Lima contra o pastor Anderson Silva. A queixa visava enquadrar Anderson por calúnia, injúria e difamação, em razão de comentários feitos por ele nas redes sociais, onde utilizou o termo “estelionato espiritual”.
A Origem do Conflito: Acusações de Estelionato Espiritual
Em 2021, o pastor Anderson Silva, líder do movimento “Machonaria”, fez publicações nas redes sociais acusando Renalida Lima, conhecida como a “pastora do Pix”, de praticar “estelionato espiritual”. Ele afirmou que ela se aproveitava da fé das pessoas para benefício próprio.
O processo teve início após Anderson fazer uma publicação acusando a pastora de comercializar orações e lugares em cultos em troca de transferências via Pix dos fiéis. Em resposta, a equipe jurídica da pastora emitiu uma nota alegando que estava tomando medidas legais para responsabilizar criminalmente o pastor Anderson pelos crimes de calúnia e difamação.
O juiz André Silva Ribeiro rejeitou a queixa-crime movida pela pastora. Ele alegou falta de provas do dolo de Anderson Silva, destacando que o termo usado por ele não configura crime. Além disso, ressaltou que o pastor se manifestou dentro dos limites da liberdade de expressão e religiosa.
Liberdade de Expressão e Crítica: Considerações do Juiz
Segundo o magistrado, por ser uma figura pública e atuar nas redes sociais, Renálida está sujeita a críticas e escrutínio público. Ele destacou que a liberdade de expressão religiosa permite o proselitismo, ou seja, a promoção de crenças e práticas religiosas.
Thiago Henrique dos Santos Sousa, advogado de Anderson, afirmou que já esperava a rejeição e considerou a decisão coerente. Segundo ele, o pastor fez apenas uma analogia para alertar os fiéis sobre a promessa de “bênçãos” em troca de pagamentos via Pix.
Posicionamento de Renalida Lima
Renalida recebeu a decisão com tranquilidade, mas destacou que a responsabilização civil e criminal não é suficiente para reparar os danos. Sua advogada, Ezilda Melo, espera que Anderson cesse as críticas e a perseguição.
Embora não planeje seguir com o processo, a defesa de Renalida afirmou que não tolerará novas importunações por parte de Anderson nas redes sociais.
Relembre o caso
O conteúdo compartilhado por Renálida Lima, conhecida como a “pastora do Pix”, geraram intensos debates nas redes sociais. Com mais de 3 milhões de seguidores, Renálida se autodeclarou cantora, pastora e profeta em suas plataformas digitais.
O que chamou atenção foram suas publicações que envolviam tanto aspectos teológicos quanto a ostentação de um estilo de vida luxuoso. Viagens, roupas de grife, joias e procedimentos estéticos eram frequentemente exibidos por ela, que se destacou por solicitar transferências financeiras em troca de orações.
Em suas transmissões diárias, Renálida desafiou seus seguidores a realizarem Pix, estabelecendo valores para votos de acordo com a idade de cada pessoa. Entretanto, sua conduta foi alvo de críticas, levando a comparações com figuras conhecidas como “Gretchen gospel” e “Jezabel gospel”.
Além disso, prints de cobranças de ingressos para participar de cultos, que chegavam a ser vendidos por R$ 50, circularam amplamente nas redes sociais, alimentando ainda mais a controvérsia em torno do comportamento da “pastora do Pix”.
Essa polêmica gerou debates acalorados sobre ética religiosa e a linha tênue entre práticas espirituais e interesses financeiros nas redes sociais.