
Este é um texto sobre arte. Jornalístico, como habitual. Falando sobre marcas, como habitual. Mas este, essencialmente, anuncia criações artísticas. É um recorte sobre o trabalho da artista e empreendedora Laila Alvarenga, paraibana e sertaneja, que tem peças assinadas em uma empresa de João Pessoa, em livros e capas de singles musicais, e até mesmo em peças para pôr à mesa vendidas sob encomenda.
Tudo começou quando conheci a clínica de estética Yubá, que fica no Mag Shopping, aqui na capital. Já fui lá algumas vezes e, particularmente, em nenhuma delas deixei de me encantar com os detalhes dos ambientes. Então me permiti reparar nos detalhes e descobri que as telas das salas de atendimento e até mesmo do banheiro são de Laila e as louças foram personalizadas pela também artista Lola Pinto.
Como jornalista, tratei de fazer contato com Laila para a entrevista que resultou na publicação de hoje. Eu precisava contar o que ninguém está contando, o que poucos reparam (talvez pela correria dos dias?). Eu precisava evidenciar esse trabalho – e é uma premissa aqui do Meio de Propaganda enaltecer profissionais do nosso mercado.
Receptiva, a artista topou bater um papo. E então eu descobri que, além da veia artística, há a empreendedora por trás da venda de cada arte e da sociedade da empresa Tacita – embora ela seja formada e mestre em Serviço Social e ter até lecionado. “Fiz graduação e mestrado na área, e trabalhei como professora universitária durante dois anos. Foi bom e importante para mim, mas digamos que deixei de lado, pelo menos por um tempo”, relevou.
A partir daí, a arte ganhou prioridade e se tornou negócio: “eu pinto desde a infância, fui uma criança criativa. Pintava para os meus amigos, na época da universidade, e já vendia. Mas foi em 2019 que passei a pintar mais, e a minha cabeça foi mudando em relação à arte. Em 2020, passei a encarar como um trabalho, e, de lá pra cá, ela se consolidou como central na minha vida profissional”.
Até então, a entrega para a clínica Yubá, criada no ano passado, é a que leva exclusivamente a assinatura de Laila – aposto que seja questão de tempo para outros empresários a contratarem. “O trabalho para Yubá surgiu a partir da indicação de Lola Pinto, artista que fez a ilustração para a louça. Depois disso, Anthea, proprietária do espaço, entrou em contato comigo e tivemos um diálogo sobre a proposta, as ideias e inspirações”, lembrou. “Para mim, foi superimportante, afinal, não foi somente uma pintura, mas uma série de telas que se fundiu à ideia da arquiteta Manuela Nepomuceno e também de Lola. Apesar de cada uma ter trabalhado separadamente, o resultado foi orgânico, redondo e belo para um espaço de bem-estar”, considera Laila.
Perguntei sobre o briefing para aquelas criações – rápida descrição: são telas pintadas com silhuetas de corpos femininos, em tons diversos – e ela detalhou: “foi um processo relativamente fácil, já que pintar corpos de mulheres é uma temática que eu sempre trabalhei. As cores foram uma escolha minuciosa, para dialogar com a estética do espaço. O resultado foi muito satisfatório para mim e também para a Yubá. Todos os feedback foram positivos, o que é uma grande satisfação”.
Conforme adiantei, a entrevista com Laila Alvarenga me revelou mais do que eu buscara. Descobri que ela ilustra livros, como “Mapa arbitrário”, “Vida narrada em contos”, e “Do medo à esperança”, e até músicas: “Reforma agrária”, de Titá Moura, e “Vendo Poesia”, feat de Val Donato com Lukete. “Já conhecia Val e sou admiradora do trabalho dela. Um mês antes do single ser lançado, ela me procurou para ilustrar a capa. Foi rápido o processo. Tivemos uma conversa para alinhar ideias e sugestões, a letra da canção já dialogava com minhas temáticas de trabalho e Val foi muito receptiva com o resultado. Deu match! Foi a segunda vez que fiz ilustração para um single”, lembrou Laila.
A artista, que se inspira em suas vivências e memórias, cria rostos, espaços e lugares a partir do que absorve da realidade. “Meu trabalho é principalmente sobre a minha subjetividade, embora resulte em uma imagem objetiva. Sou do Sertão e ele me atravessa, então costumo dizer que minha inspiração primeira é ele, porque tudo vem dele, ainda que, em algumas obras, eu não pinte necessariamente essa região. O olhar é de uma pessoa do interior”, completou.
E então Laila levou a arte ao patamar de marca. Também em 2024, se juntou às amigas e sócias Juliana Perdigão e Giovania Lira e empreendeu. Daí nasceu a Tacita, ofertando produtos para utilidade e decoração de casas, pintados à mão.
Vou fechar esta coluna dando voz à artista e empreendedora da Tacita: “ela existe há um ano. Foi um sonho realizado por mim e duas amigas, que, anteriormente, era minhas alunas de pintura. Queríamos unir a arte e o design à utilidade, daí surgiu a ideia de produtos para casa pintados à mão”.
A Tacita e uma loja é on-line. O leitor pode acessar pelo endereço www.tacitacasacriativa.com.br e navegar pelos itens à venda, que têm valores entre R$ 45 e R$ 620. São taças, copos, xícaras, jogos americanos e até pingente, tudo delicada e individualmente pintado. “Nós criamos produtos e vendemos por demanda. Também fazemos o serviço de experiências artísticas com pintura em vidro, cristal, cerâmica etc.”, acrescentou.
Encerro a escrita com a sensação de que empreender com arte é uma arte. Vai além do negócio, é preciso inspiração e percepção dos contextos. E Laila conclui: “é um relaxamento, um momento no dia pode ser dedicado a uma atividade criativa e isso vai lhe dar uma excelente sensação de prazer e bem-estar”.