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Livros: emprestar ou não emprestar?

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Foto: Arquivo Pessoal.

Cuidado, esse texto pode causar angústia ou pode parecer indireta para um ou outro, mas garanto que não é.

Hoje eu trago um assunto delicado, polêmico até, entre nós, leitores. O tão temido (para alguns) empréstimo de livros. E aí, qual a sua opinião?

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Vamos lá! Nesse assunto, sou réu confessa. Não costumo emprestar livros. Veja bem, caro leitor: não costumo emprestar livros é diferente de não gostar de emprestar livros. Embora seja difícil separar uma coisa da outra, vejo diferenças.

Eu posso emprestar um livro pelo apreço que tenho à pessoa. E aqui quero dizer que, se você, que me lê neste instante já recebeu um livro meu por empréstimo, sinta-se muito querido e admirado por mim. Não faço isso para todo mundo, nem poderia. A frustração seria tamanha que eu nem sei como me recuperaria.

Pois bem, emprestar livros não é minha atividade favorita e, sim, embora a palavra seja horrível, é possível que haja um certo egoísmo nisso tudo. Mas eu prefiro chamar de cuidado. Sabe a quela história de que dinheiro não se empresta, porque ao fazê-lo você pode perder o dinheiro e o amigo? Dependendo da situação pode acontecer também com o livro.

E eu trago esse tema porque nas últimas semanas esse assunto surgiu durante conversa com pessoas diferentes. A primeira, uma amiga querida, a quem emprestei um livro (e ela me emprestou outro) e me falou que tinha concluído a leitura e que eu teria o meu livrinho de volta. Outro dia, ela me mandou mensagem dizendo, preocupada, dizendo que tinha esquecido o livro em casa, mas que me devolveria. Nem preciso dizer que o senso de responsabilidade dela já a habilitou para outros empréstimos.

A segunda vez que esse assunto surgiu foi quando perguntei a um amigo se ele queria o meu livro emprestado, e a primeira reação dele foi de surpresa, por saber que não costumo emprestar livros. Darei um voto de confiança.

E por que o empréstimo de livros é um assunto tão delicado para algumas pessoas? A resposta é simples. Os livros não são devolvidos, ou, se são, parecem que foram atropelados, com orelhas marcadas, riscos, capas com sinais de desleixo. E por aí vai.

Livros na minha casa, na minha vida, na minha história, vão muito além do valor material que têm (livros são caros, falamos sobre isso na coluna anterior). Livros têm valor sentimental, têm história, trazem conhecimento.

Quando a gente empresta um livro, a gente quer que a pessoa leia. Que a pessoa se deleite com aquela leitura. Tenho alguns emprestados por aí, e se perguntar a quem emprestei sou capaz de dizer o dia e a hora, o que me faz lembrar um professor que tive na UFPB e que anotava e nos fazia assinar uma ficha de empréstimo dos seus livros. Nunca achei aquilo absurdo. Eu sempre me orgulhava no dia que devolvia o livro intacto. É cuidado, e também respeito.

Quem vir minha estante de livros pode até achar que ela surgiu de repente. Bem queria. Cada livro da minha estante tem sua própria história que se encontra com a minha. Nenhum veio por acaso. Alguns foram sonho de consumo, outros foram aguardados como tesouros.

Todos eles, os livros na minha estante, quando eu não mais estiver aqui, ficarão para os meus filhos, por isso, eu cuido bem do que, um dia, provavelmente fará parte do meu legado para eles.

Valéria Sinésio

Jornalista e radialista formada pela UFPB. Possui mestrado em jornalismo e especialização em redação jornalística e em marketing político.

Foi repórter do Jornal da Paraíba e colaboradora do portal UOL Notícias. Atuou nas editorias de política, cidades, economia e cotidiano.

Ganhou nove prêmios de jornalismo.

Atualmente trabalha com assessoria política e redes sociais.

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